Friday, May 19, 2006

A vida

Grande loucura a vida
Tudo corre, tudo se apressa
Tudo parece ser tão evidente
É preciso parar
Olhar à volta e ver
Porque sem esperar
O inesperado surge
A vida muda
O sentido da vida nasce
Dentro de cada ser
(por Ana Meireles, 1999)

Um sonho...

Estamos unidos como frutos
às suas sementes
Encontramos na seiva das nossas almas
o nosso mundo
Dividimos o ar da vida
E nunca, nunca nos separamos

Todos os seres brilham à nossa volta
Tudo na natureza é magnífico
Podemos ver, sentir o mar, a areia ...

Sentamo-nos sobre o manto suave
Dormimos durante o concerto sereno
A luminosidade da noite anestesia-nos
O sol é um novo mundo para nós
Aquela luz resplandece a fantasia
Nada, nada nos faz sentir tão bem



(por Ana Meireles,1999)

Wednesday, May 17, 2006

Respeito

O respeito não é apenas uma palavra
É um dos sentimentos mais importantes na vida
Quase todos podem concordar
E até afirmar, que é o mais importante
Pois todos gostam de ser respeitados
E, teoricamente, talvez,
Sabem o que é respeitar...




(por Ana Meireles,1999)

Arte

A arte que me fascina
é aquela que se sente
é tudo aquilo que a imaginação dá
àqueles que desesperam
por sentir, por viver
sem nunca saberem por onde ir.

Wednesday, May 03, 2006

Capoeiras


Artigo excelente:
Em casa dos meus pais havia um quintal. Com uma capoeira.O leitor, que vive num ambiente urbano e só conhece os galináceos embalados num supermercado, não faz ideia dos prazeres que uma capoeira oferece.Ter uma capoeira em casa é ter um galo como despertador às seis e meia da manhã. Não há maneira mais agradável de acordar.Ter uma capoeira em casa é ter um fornecimento de galinhas para dias de festa e ovos frescos para gemadas ao pequeno almoço.Ter uma capoeira em casa é ter uma galinha choca, cujos ovos são guardados à parte. Preparar-lhe uma cama especial onde ela esteja sossegada a chocar os ovos e espreitá-los todos os dias, a ver quando alguma casca começa a estalar.
Aí é preciso ter um certo cuidado. A galinha que, até então, era uma paz-de-alma que deixava que lhe mexessem e espreitassem os ovos a toda a hora, torna-se agressiva. Mesmo que o intruso seja um puto, ela deita-lhe um cróó ameaçador quando ele se aproxima. Pegar no ovo que começa a romper é operação que não se executa sem umas valentes bicadas, enquanto se lhe fala numa voz calma e meiga para a sossegar.Depois, sente-se o calor do ovo e a palpitação do corpo lá dentro. Devagarinho, desprendem-se uma ou duas lascas da casca, as que estão mais soltas, e, suave milagre, vê-se um bico nervoso a furar a pele que ficou por baixo.Não se deve ajudar demasiado o pinto na sua luta contra a casca. Ele precisa do esforço daquela luta, ou cresce como um palerminha que anda para ali a passear, sem força para se espreguiçar numa batida de asas.Para compensar termos-lhe diminuído o desafio de romper a casca, podemos treiná-lo, aos poucos, a voar. Põe-se o pinto na palma da mão, aí a meio metro do chão, e vai-se inclinando a mão até ele ficar sem apoio e ter de saltar. O esbracejar das asinhas é uma delícia para qualquer criança e a brincadeira prossegue até a galinha achar que é esforço demais para o pinto e mandar uma bicada sem aviso na mão do diabo do puto que não dá sossego às crias.Dizem-nos que sem a produção industrial de galinhas em aviários ( e de todos os outros animais, alimentados cientificamente em áreas onde não se podem deitar nem mexer, onde nunca vêem o Sol e onde as luzes permanentes nunca lhes deixam conhecer a noite) não haveria produção de carne suficiente para alimentar a população do globo.Talvez seja verdade, se bem que as piras de carcaças de reses a arder por toda a Europa levantem dúvidas quanto aos métodos usados.Mas as crianças precisavam de conhecer uma capoeira. Talvez as escolas pudessem considerar a hipótese de ter uma ou duas nas suas instalações. Não ocupam muito espaço, não exigem muito equipamento e a venda dos ovos poderia ser uma fonte de receita para ajudar a pagar o aquecimento do edifício, ou uma ou outra reparação.Toda a criança deveria poder assistir ao nascimento de um pinto. O respeito que tal acontecimento desperta pela Vida é mais forte do que lhe poderá ser dado por qualquer catecismo.Se mais crianças houvesse a ver nascer pintos, talvez que, quando crescessem, criassem soluções industriais mais humanas para a produção de carne. E a humanidade seria alimentada com menos ameaças e com menos degradação do ciclo de vida dos animais.( in "A nova sociedade do Consumo" de Beja Santos e Artur Tomé, edição Círculo de Leitores)

Monday, May 01, 2006

Olá


Olá, digo-te eu
Olá, dizes-me tu

Palavras perdem-se
dentro do teu olhar
Palavras não te consigo falar

Adeus, dizes-me tu
Até amanhã, digo-te eu